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NOVEMBRO AZUL: HPV E CUIDADO ÍNTIMO MASCULINO

A doença, que possui tratamento, atinge muitos homens que, por vergonha, preferem oculta-la.


Por VITÓRIA GNOCCHI

Estudante de Farmácia - 4º semestre

Universidade Anhembi-Morumbi


O cuidado íntimo masculino deveria ser tratado com maior atenção, isso porque o número de homens vítimas de infecções por vírus é bastante relevante, que pode ser explicado por diversas questões. O costume de não se proteger no ato sexual é uma delas, o que pode desencadear infecções, como é o caso do HPV. HPV vem do nome Papiloma Vírus Humano e trata-se de uma infecção sexualmente transmissível capaz de causar diversos sintomas, podendo evoluir para o câncer. Pode se manifestar no homem de diversas formas, isso porque existem mais de 150 tipos diferentes do vírus.


Esses tipos são subdivididos em dois grupos chamados de HPV de Baixo Risco Oncogênico e HPV de Alto Risco Oncogênico. Geralmente, o HPV de baixo risco se manifesta com o aparecimento de verrugas nas regiões genital e anal, boca e garganta. Esse tipo é chamado de infecção clínica. Já o HPV considerado de alto risco pode apresentar diferentes lesões que são imperceptíveis a olho nu, sendo detectadas através de exames laboratoriais. Esse tipo é chamado de infecção subclínica. O sintoma mais comum do HPV é o surgimento de verrugas, mas existem outros, como feridas e caroços nas regiões genitais. Entretanto, há casos em que o vírus não manifesta qualquer sintoma, mas permanece ativo no organismo, podendo ser transmitido para outros indivíduos durante o ato sexual. A vacina contra o HPV é a única prevenção 100% eficaz, sendo administrada em duas doses.


No Brasil está disponível a vacina quadrivalente que deve ser administrada preferencialmente antes do início da vida sexual. No SUS a vacinação ocorre em meninas de 9 a 14 anos e em meninos de 11 a 14, já na rede privada existe a vacina para ambos os sexos acima de 26 anos. A campanha de vacinação ocorre durante todo o ano na rede pública e particular. Caso o indivíduo já tenha sido exposto ao vírus, a vacina é menos eficaz, mas ainda há uma porcentagem maior de proteção do que não tomar a vacina, pois ela pode imunizar contra os outros tipos do vírus. O uso do preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais é outra importante forma de prevenção do HPV. Contudo, seu uso, apesar de prevenir a maioria das ISTs, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal). A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.


 
Por questões comportamentais e culturais, homens tem vergonha de ir ao médico para tratar HPV, o que ajuda a disseminar a doença.
 

Diferente das mulheres, os homens não têm o costume de ir ao médico frequentemente e só procuram um profissional diante influência familiar ou quando sentem algo. Pode-se dizer que este mau hábito se deve às questões culturais e comportamentais vindas de outras gerações, além da falta de informação. O acompanhamento médico deve ser feito em todas as faixas etárias, pois pode ajudar na descoberta prévia de doenças para um melhor tratamento. Os riscos de não ter o acompanhamento adequado variam entre infectar outras pessoas e descobrir tardiamente a existência de infecções como o HPV. Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa porcentagem pode ser ainda maior em homens devido à resistência masculina em realizar os exames de detecção.


Apesar dos sintomas costumarem ser mais notados nas mulheres, acredita-se que a infecção tenha maior incidência nos homens já que sua maioria é assintomática. Por isso, a importância de realizar exames médicos, para detectar possíveis infecções e assim realizar o tratamento das lesões antes que evolua. Não existe um tratamento capaz de eliminar o vírus do organismo e, com isso, a cura só acontece quando o próprio sistema imunológico elimina o vírus naturalmente. Alguns estudos comprovam que o sistema imunológico é capaz de eliminar o vírus em cerca de 18 meses, mas também pode permanecer no organismo por muitos anos. As formas de tratamento existentes servem para tratar as possíveis lesões causadas pelo HPV, como as verrugas. Esses tratamentos podem ser feitos com a aplicação de pomadas ou com a crioterapia. Após o tratamento ser feito, o vírus pode permanecer latente no organismo, mas ainda há riscos de voltar a se manifestar e desenvolver novos sintomas. Vale lembrar também que em todo caso de suspeita de HPV, é importante procurar um médico e jamais se automedicar, pois a automedicação pode tratar os sintomas e mascarar a infecção que continuará presente no organismo.

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