Medicamentos para prevenção de gravidez a serem utilizados por homens ainda estão em fase de testes. Objetivo é alcançar formas seguras e eficazes.
Por LUIZA NOVAES
Estudante de Farmácia - 8º semestre
Universidade Anhembi-Morumbi
Atualmente, os métodos anticoncepcionais masculinos mais conhecidos são o preservativo e a vasectomia. No entanto, com o passar dos anos, houve um aumento no interesse por parte dos homens em novas alternativas para prevenção de gravidez indesejada, uma vez que na maioria dos casos a responsabilidade ainda é gerenciada por meio de métodos escolhidos através do planejamento e preferência das mulheres.
Dentre as novas tecnologias, o método mais promissor é o denominado RISUG (Inibição Reversível do Esperma Sob Controle), que vem sendo desenvolvido há muitos anos por cientistas indianos. A novidade consiste em uma injeção anticoncepcional constituída por um polímero, aplicada nos canais deferentes nos testículos, sob anestesia, visando o bloqueio e a inativação dos espermatozoides que tentam passar em direção à uretra. O método pode ser eficaz por até 13 anos, com possibilidade de reversão por meio da aplicação de outra injeção contendo bicarbonato de sódio, constituindo uma alternativa para substituição do procedimento de vasectomia.
Em entrevista ao jornal Hindustan Times em 2019, R.S. Sharma, cientista do Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), órgão máximo na Índia para pesquisa biomédica, afirmou que os estudos clínicos de fase 3 foram finalizados com resultados promissores, com uma taxa de eficácia de 97,3% e sem relatos de efeitos colaterais significativos. Contudo, apesar de os testes clínicos terem sido concluídos, o produto ainda está passando por um processo de aprovação pelas autoridades regulatórias para que possa ser lançado ainda este ano.
Contraceptivos orais ainda estão em fase de testes, e não há previsão de disponibilidade para o mercado.
Outros produtos que vêm sendo desenvolvidos há muitos anos, mas que ainda se encontram em fase de testes, são o gel contraceptivo masculino e a pílula anticoncepcional masculina. O Vasalgel é um anticoncepcional não-hormonal de ação prolongada, que vem sendo desenvolvido desde 2010 pela Fundação Parsemus, uma organização norte-americana sem fins lucrativos. Desenvolvido a partir de uma tecnologia semelhante à do RISUG, o contraceptivo também aplicado nos ductos deferentes dos testículos, com o objetivo de bloquear o fluxo de esperma por até 10 anos, também de forma reversível. Apesar do longo período em processo de desenvolvimento, o produto ainda está na fase de testes pois depende de um maior investimento para o andamento das pesquisas.
Já a tão esperada “pílula anticoncepcional masculina” também está sendo desenvolvida, mas com cautela. De acordo com um estudo apresentado na Conferência Anual da Sociedade de Endocrinologia realizada em Nova Orleans no ano de 2019, testes clínicos realizados nos Estados Unidos com um contraceptivo oral desenvolvido a partir da substância 11-beta-MNTDC, em voluntários do LA BioMed e da Universidade de Washington, apresentaram bons resultados nos testes de segurança. Este composto sintético combina as atividades de um hormônio masculino e outro progestagênio, visando reduzir a produção de espermatozóides sem provocar alterações na libido. Outra pílula à base de Undecanoato de Dimetandrolona (DMAU) também se encontra em fase de testes pelos institutos de pesquisa norte-americanos. Sua ação é similar à da 11-beta-MNTDC, apresentando apenas algumas diferenças na estrutura química que ainda estão sendo estudadas para verificar se são capazes de influenciar nos processos de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação da substância.
De acordo com Stephanie Page, pesquisadora e professora da Universidade de Medicina de Washington, os testes com diferentes compostos visa a descoberta do medicamento mais seguro e eficaz. Sendo assim, diante da necessidade de mais estudos para compreensão dos efeitos a longo prazo, nenhuma delas possui previsão de lançamento definida.
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