Mudança de rotina e hábitos provocados pela pandemia tem impactado - e muito - na saúde da mulher.
Por ALEXANDER CARCELEN
Graduando em Farmácia - 5º semestre
Universidade Anhembi-Morumbi
Pouco mais de um ano após o início da pandemia pelo novo coronavírus, é possível observar que, além da vulnerabilidade física - causada pela idade avançada e comorbidades, destaca-se também outro impacto imprevisível e com potencial de seguir acometendo a população no período pós-pandemia, que são os prejuízos na saúde mental da população. De acordo com um estudo realizado com três mil voluntários conduzida pelo Instituto de psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da FMUSP , entre maio e junho de 2020, estamos perto de presenciar um aumento significativo de casos de depressão, estresse e ansiedade.
Este estudo apontou que as mulheres foram mais afetadas psicologicamente devido as mudanças exigidas durante a pandemia, como evitar sair de casa o máximo possível, aulas virtuais dos filhos, home office, redução de convívio social, e algo que não mudou foi o fato de que as mulheres cumprem dupla jornada, trabalhando, acompanhando os filhos, cuidando dos afazeres de casa e, ainda, maior preocupação com parentes próximos. Observou-se, também, que este elevado acometimento nas mulheres também ocorreu em quem mora sozinha e não tem filhos. Esta mudança de hábitos colaborou com a sobrecarga das mulheres, sendo este fato refletido na pesquisa, apontando que dentre as mulheres participantes da pesquisa, 40,8% (1224) tiveram aumento no consumo de medicamentos, alimentos, cigarros e até drogas ilícitas, e quase metade (46,4%) relataram ter tido sintomas de depressão, 39,7% alegaram ansiedade e 42,2% apresentaram estresse.
De acordo com o trabalho apresentado, é possível prever que os serviços de saúde necessitarão de preparo específico para atender as demandas desses impactos na saúde mental, que podem gerar inclusive outras doenças se não tratadas. Na avaliação do neuropsicólogo responsável pelo estudo, uma maior atenção deve ser dada para as mulheres, visto que elas continuarão com a dupla jornada após a pandemia e que muitas empresas seguirão com o regime home office.
O perfil de consumo de medicamentos por mulheres será discutido no próximo artigo do nossa série especial sobre o Dia Internacional da Mulher. Acompanhe o blog do CIM para mais novidades!