O armazenamento indiscriminado pode facilitar automedicação, bem como outros problemas relacionados ao consumo de medicamentos.
Por ALEXANDER CARCELEN
Estudante de Farmácia - 6º semestre
Universidade Anhembi-Morumbi
Armazenar medicamentos em casa é uma prática tão comum que nota-se muitas vezes que a população deixa passar despercebido a potencial complexidade que esta prática possa trazer consigo, trazendo, também, maior responsabilidade e riscos à saúde.
De acordo com estudos, é possível observar comportamentos parecidos entre as famílias que possuem essas farmácias domiciliares, com variações entre os recipientes para armazenamento dos medicamentos e cômodos da casa comumente escolhidos para guarda-los, sendo os mais escolhidos, respectivamente, caixas de papelão e gavetas, e dormitórios, cozinhas e banheiros para guarda-los. É importante ressaltarmos que esta prática pode induzir a automedicação, que quando ocorre de forma inadequada, tal como a prescrição errônea pode causar iatrogenia medicamentosa, e também outros riscos à saúde se não observados detalhes como validade dos medicamentos armazenados, integridade da caixa com nome legível do princípio ativo e/ou nome comercial e bula com instruções de uso que muitas vezes se perdem.
A OMS estipula que 50% dos medicamentos no mundo inteiro são prescritos, dispensados e usados de forma inadequada, facilitando o armazenamento em casa.
Consultar um profissional de saúde quanto a questões que parecem ser tão simples se torna importante justamente por nos lembrar que quando se trata de medicamentos pode não ser tão simples quanto parece. Entende-se que em certas populações, devido a diversas questões sócio-econômicas ou culturais, informações simples podem nunca sequer ter chegado até a população, por exemplo o armazenamento no banheiro ou cozinha pode ser impróprio para medicamentos devido a possibilidade de alterações físico-químicas pela exposição ao calor, umidade e etc, ou que em gavetas sem trancas pode deixa-los mais expostos ao alcance de crianças, quando até o óbvio pode nos escapar.
Além disso, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), a polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos) em farmácias domiciliares é uma realidade e pode estar relacionada ao uso inapropriado de medicamentos, nos permitindo concluir que a orientação à população sempre será uma ferramenta longitudinal a ser usada no combate à desinformação e apoio à qualidade de vida.